Escrever é um grande desafio e uma aventura, nunca sabemos exatamente para onde estamos indo ou o que realmente queremos. Somos levados por um fluxo de ideias que vão se seguindo e se descobrindo ao fazer sentido no final quando enxergamos qual foi o impulso inicial do mergulho. Escrever sozinha já é uma tarefa difícil, escrever a dois é ainda mais complicado porque são duas cabeças, dois corações, duas trajetórias de vida diferentes, dois olhares também diferentes e complementares muitas vezes. Esse foi o desafio inicial do livro “Viver é uma Arte, Transformando a dor em palavras”que escreveríamos juntas , eu e minha mãe. Marcella chegou para nos dar um norte, uma orientação de como lidar com este desafio e ela foi fundamental para que pudéssemos realizar o trabalho. Foi ela que nos disse de cara que era preciso uma voz principal para contar a história e uma outra para fazer os comentários. Assim eu assumi a tarefa da voz principal e mamãe faria seus comentários maravilhosos , suas pérolas de sabedoria. Ok , encontramos um formato, podemos conduzir a jornada. Foi ela também que nos sugeriu começar por alguma coisa forte que havíamos vivido juntas , logo sentimos que seria pela morte de meu pai que iriamos conduzir o nosso barco. Depois de alguns encontros via Zoom, em que conversávamos sobre tudo, ela sempre sugerindo temas comuns de nossa trajetória, nos dando tarefas para unir nossas caminhadas, que inesperadamente minha mãe pegou Covid e partiu em 21 dias. Fiquei paralisada. Não dava para continuar, precisei de um tempo, precisei do silêncio, do vazio , do mergulho interior e Marcella foi fundamental para a minha volta a superfície. Quando resolvi assumir a condução do barco sozinha, ela foi minha bússola . Então Marcella você se tronou mais que uma amiga, você foi cúmplice desse trabalho, você me estendeu a mão e me abraçou mesmo virtualmente, mas sua atenção e cuidado comigo foram fundamentais. O livro foi o que tinha que ser, minha mãe que seria minha companheira virou tema do livro e Marcella me ajudou a orientar meu olhar para o resultado final. Obrigada Marcella, este foi o primeiro livro e o primeiro a gente nunca esquece, mas espero que venham muitas outras parcerias em muitas outras aventuras e desafios para vivermos juntas na literatura.